quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Resenha: A vida que ninguém vê - Eliane Brum







Título: A vida que ninguém vê
Autor: Eliane Brum
Editora: Arquipélago Editorial
Ano: 2006
Páginas: 196








Um aleijado pedinte, um carregador de malas que quer voar, duas mulheres enclausuradas num asilo. Um álbum, uma vassoura que é um cavalo, o caixão branco, que pequeno, mostra a tristeza de uma vida interrompida muito cedo. O que tudo isso têm em comum? Muito mais do que se pode imaginar. São fragmentos de vidas que ninguém percebe, ou às vezes prefere ignorar. Desses fragmentos uma jornalista gaúcha conseguiu tirar lições de vida, todas ajuntadas num livro vencedor do 49° Prêmio Jabuti, como o melhor livro de reportagem em 2007.
“A vida que ninguém vê” é certamente uma obra prima, escrita por uma das grandes figuras do jornalismo brasileiro. Eliane Brum, quando criança, queria ser astrônoma, mas por causa da matemática acabou se tornando uma profissional da arte de escrever. Ainda bem. E hoje, já ganhou mais de 30 prêmios de reportagem, no Brasil e no exterior. Um trabalho recompensado, e reconhecido.
Um dos seus primeiros trabalhos que se destacaram, foi a viagem pelos caminhos trilhados pela “Coluna Prestes”. Foi quando desmistificou muitas histórias que tinham se multiplicado sobre a Coluna. Para Eliane, isso é o que faz o jornalismo a melhor profissão do mundo. Poder levar histórias assim para as pessoas, querendo fazê-las ver a vida de uma forma diferente. Mas de alguma forma, também mostrar o cotidiano, que é cruel e bate à porta de milhões de brasileiros diariamente.

Em “A vida que ninguém vê”, com seu estilo característico, ela consegue trazer humanidade fazendo com que o leitor quase se coloque ao lado do personagem. E quem lê, de repente se vê torcendo para que ‘seu’ Adail consiga voar, e que o ‘sapo’ consiga mudar de vida., ou quem sabe, querendo ver todo o álbum com suas histórias de vidas que se misturaram, e se perderam... São fatos, detalhes, coisas e pessoas que carregam em si seus significados e marcas da vida. E com o texto vivo que só o jornalismo literário consegue ter, tudo isso pode ser ampliado, e carregado para o mundo que antes ignorava e oprimia todas essas verdades. Como a própria Eliane afirma no posfácio, tudo é uma questão de olhar, de percepção. E é um olhar diferente que conta essas histórias, de vidas que ninguém vê.

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